segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Campos muda sotaque nordestino para conquistar votos no Sul e Sudeste


A menos de um ano para as Eleições 2014, os candidatos à Presidência da República se desdobram para ganhar aceitação do público e se tornar mais conhecidos pelo eleitorado brasileiro.
O possível candidato do PSB ao Planalto e atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos, se esforçou para neutralizar o sotaque característico do Nordeste, onde está a maior parte dos seus apoiadores, de olho nos votos das outras regiões do País.
O diagnóstico é de fonoaudiólogos ouvidos pelo R7, que constataram essa “perda de sotaque” do presidente nacional do partido. Os profissionais afirmam que o tradicional “cantado nordestino” sumiu das frases ditas por Campos. Mesmo assim, os especialistas garantem que, mesmo com o novo modo de falar, o pessebista não perdeu a identidade.
O ponto principal observado pelos fonoaudiólogos é que, assim como os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Melo, o pré-candidato à Presidência pelo PSB retirou da sua fala aspectos que poderiam gerar rejeição em outras regiões do País. Vale lembrar que Campos concentra no Nordeste a maior parte do seu eleitorado e, segundo pesquisa CNI/Ibope de julho, ele é o governador com melhor aprovação entre os 11 avaliados no estudo.
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A professora de marketing político e campanhas eleitorais da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) Rosemary Segurado, afirma que esse tipo de mudança faz parte de “artifícios para ampliar a influência” dos candidatos.
— Ninguém chega a votar ou não votar no candidato por uma coisa desse tipo, mas nós vivemos em uma sociedade em que essas coisas têm dimensões importantes.
Ela afirma que essa “neutralidade” no sotaque ajuda em regiões em que ainda existe uma resistência em relação aos políticos que são da região Nordeste e questiona o fato de o debate estar, muitas vezes, focado no modo como o candidato fala.
— O debate propositivo é cada vez menos levado em consideração e fica subordinado a essas questões.
Embora acredite que os políticos possam mudar o jeito de falar para conseguir mais votos, o coordenador de MBA em marketing político da USP (Universidade de São Paulo), Victor Aquino, afirma que “é um erro” desconsiderar a peculiaridade do sotaque do governador.
— É um erro monumental achar que, se ele se igualar ao Sudeste, vai ser melhor compreendido.
Para Aquino, Campos deveria mostrar a imagem de alguém que “cuide de uma forma específica e especial das questões e que, se os outros quiserem, ele vai fazer isso no Brasil inteiro”.
— [Políticos] passam a se pasteurizar. O brasileiro gosta de conversar com seu compatriota com sotaque diferente. Eu queria saber quem foi o gênio que inventou essa bobagem.
O coordenador lembrou que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), outro possível candidato à Presidência em 2014, perdeu as características do sotaque mineiro.
— Em gravações de dez anos atrás, ele era um “mineirinho” mesmo. Falava com aquele tom de “pão de queijo”.
Para Aquino, a grande estratégia dos candidatos deveria ser mostrar autenticidade, honestidade e seriedade.
— Se passar essas características, leva. Basta passar correção.
Procurada pela reportagem do R7, a assessoria de imprensa de Campos negou que o governador pernambucano tenha feito treinamento com fonoaudiólogo para diminuir o sotaque.

Fonte: R7 / * Colaborou Giorgia Cavicchioli, estagiária do R7

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