A denúncia feita neste domingo (01) pelo Fantástico mostrou como a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidosconseguiu monitorar as comunicações no centro do poder brasileiro, em Brasília.
O jornalista Glenn Greenwald foi quem primeiro recebeu os documentos das mãos do ex-técnico da CIA Edward Snowden.
A apresentação secreta se chama: “Filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil”, e mostra um programa de espionagem que possibilita encontrar, sempre que quiser, um agulha no palheiro.
O palheiro, no caso, é o volume imenso de informações a que a espionagem americana tem acesso todos os dias, espionando as redes de telefonia, internet, servidores de e-mail e redes sociais. A agulha, é quem eles escolherem.
No documento, de junho de 2012, são dois alvos: o presidente do México, Enrique Peña Nietox, então candidato líder nas pesquisas para a presidência, e a presidente do Brasil, Dilma Rousseff.
Funciona assim: selecionado o alvo, são monitorados os números de telefone, os e-mails e o IP, a identificação do computador. O mesmo para os interlocutores escolhidos, no caso, assessores. O que eles chamam de um pulo, é toda a comunicação entre o alvo e os assessores. Um pulo e meio, quando os assessores conversam entre eles. Dois pulos, quando eles conversam com outras pessoas.
Para espionar o então candidato mexicano Peña Nieto, o S2C, o Serviço de Segurança Internacional da NSA para América Latina, fez uma ação intensiva: usou vários programas de espionagem para monitorar inclusive as mensagens de texto por telefone.
Duas mensagens interceptadas são usadas como exemplo. Em uma delas, o ainda candidato à presidência do México, conta quem seriam alguns de seus ministros, que só tomariam posse seis meses depois da eleição.
Na sequência, vem a explicação de como foi feita a espionagem da presidente Dilma. “Goal” é o objetivo da operação: “Melhorar a compreensão dos métodos de comunicação e dos interlocutores da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e seus principais assessores”.
O que eles chamam de “sementes” são os endereços eletrônicos e números de telefones monitorados. Um dos programas usados pela NSA é chamado de “DNI Selectors”, que segundo outro documento vazado por Snowden, captura tudo o que o usuário faz na internet, incluindo o conteúdo de e-mails e sites visitados.
Um gráfico mostra toda a rede de comunicações da presidente com seus assessores. Cada bolinha representa uma pessoa, mas a imagem ampliada mostra que legendas ou nomes de quem teve a comunicação interceptada foram apagados para a apresentação.
No documento não há exemplos de mensagens ou ligações entre a presidente Dilma e seus ministros, como aconteceu quando o agora presidente do México foi mencionado.
Mas na última página o documento diz que o método de espionagem usado é “uma filtragem simples e eficiente que permite obter dados que não são disponíveis de outra forma. E que pode ser repetido”. Se pode ser repetido, tudo indica que foi levado a cabo.
E mais: conclui, dizendo que a união de dois setores da NSA teve sucesso contra alvos de alto escalão: Brasil e México. Alvos importantes, que sabem do perigo de espionagem e protegem sua comunicação. Novamente, se houve sucesso é porque foram exemplos reais.
Não está claro se a interceptação das ligações da presidente Dilma foi feita apenas com acesso às redes de comunicação, ou se houve participação de espiões em território brasileiro.
No mês passado a revista Época publicou com exclusiva de um documento comprovando que a espionagem americana é também comercial. Trata-se de uma carta escrita pelo atual embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, em 2009, quando ainda era subsecretário de estado. Ele agradece à NSA pelas informações repassadas à diplomacia americana antes da quinta cúpula das Américas, um encontro entre os chefes de estado do continente para discutir assuntos comerciais e diplomáticos da região.
Outro documento obtido com exclusividade pelo Fantástico diz que uma divisão inteira da NSA é dedicada à política internacional e atividades comerciais, com um setor encarregado de países da Europa ocidental, além do Japão, México e Brasil.
Um terceiro documento ultrassecreto enumera os desafios geopolíticos dos Estados Unidos para os anos de 2014 a 2019.
O surgimento do Brasil e da Turquia no cenário global é classificado como risco para a estabilidade regional. E o Brasil aparece de novo, junto com outros países, como uma dúvida no cenário diplomático americano: nosso país seria amigo, inimigo ou problema? Também são citados Egito, Índia, Irã, Turquia, México, além de outros países.
Fonte: Bom Dia Brasil
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