Como na realização de um jogo de volta em uma competição eliminatória, a Rua do Ajuda, onde fica a sede do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), se transformou novamente em Ajudão, uma espécie de estádio improvisado no Centro do Rio. Desta vez, no entanto, com menos público e sem tanto trabalho para o policiamento. A goleada por 5 a 0 sofrida pela Portuguesa no primeiro julgamento motivou o embate mais ameno entre torcedores, sem necessidade de isolamento entre as torcidas rivais.
As camisas do Fluminense, terceiro interessado no julgamento, brotaram na Rua da Ajuda. Eram cerca de 15. Do outro lado, um solitário torcedor da Portuguesa recebia a solidariedade de quem passava por perto. Juliano Caldeira aproveitou o fato de passar as festas de fim de ano com familiares no Rio de Janeiro para protestar e prometeu recorrer à Justiça.
-Sabia que não tinha muita chance de mudar o resultado, mas vim assim mesmo. Vou entrar na Justiça Comum. Outros torcedores da Portuguesa vão fazer o mesmo - avisou Juliano, decepcionado com a derrota por 8 a 0 no Pleno do STJD nesta sexta-feira.
O discurso dos tricolores se manteve. Apesar de recusarem o envolvimento do clube no caso, eles vibraram com o resultado. De última hora, compraram cartolinas e canetas para fazer cartazes, principalmente direcionados ao Flamengo, também julgado no STJD pela escalação de André Santos na última rodada.
Uma televisão foi colocada no alto do tribunal e direcionada ao público. Os tricolores aplaudiram quando o advogado Mário Bittencourt fez a sua defesa durante o julgamento da Portuguesa. A cada voto dos auditores, os torcedores do Fluminense comemoravam como se fosse um gol.
- Não acho certo esse tipo de comemoração, mas também concordo com a decisão da Justiça. Cheguei a ouvir muitas piadas na rua por estar com a camisa do Fluminense, mas não ligo - afirmou Fausto Bartole.
Durante todo o processo, os 150 policiais destacados para trabalhar no julgamento acompanharam as manifestações dos torcedores sem problemas. Sequer fizeram um cordão para isolar as partes, como acontecera na primeira audiência. Apesar de alguns mais exaltados, não houve tumulto.
Em determinado momento, a rua lembrou até o intervalo dos jogos do Maracanã. Um senhor vestido com a camisa do Brasil começou a fazer embaixadas. Ficou pouco tempo. As atenções estavam voltadas para o julgamento. Torcedores de Botafogo e Vasco também apareceram no Ajudão.
Houve momentos de intolerância e ofensas sociais. Lembraram a prisão de Bruno, ex-goleiro do Flamengo, pelo envolvimento no assassinato de Eliza Samudio. Gritos de "Bolsa-Família" partiram dos torcedores do Fluminense e um deles tentou colocar um cartaz em um homem que dormia na rua com os dizeres ofensivos. Antes, flamenguistas provocaram com gritos de "Vergonha" e "Uh, é tapetão".
No fim, a Portuguesa acabou sendo derrotada novamente e destinada a jogar a Série B em 2014. Fluminense e Flamengo se salvaram. Mas a promessa é de prorrogação nesse confronto.
Fonte: Globo Esporte
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