domingo, 24 de novembro de 2013

MORRE NO RECIFE BEBÊ COM TROMBOFILIA. PAI DA CRIANÇA CULPA GOVERNO DO ESTADO

Foto: reprodução TV Jornal

“Eles assassinaram nosso filho. Acabaram com nossa família.” A forte declaração de Eduardo Lacerda tem destinatário. Pai de Mateus Henrique, o homem era calma, mas revolta na manhã deste domingo, enquanto velava seu filho único de 1 ano de idade na cidade de Escada, Zona da Mata. Eduardo culpava o Governo de Pernambuco de ter acabado precocemente com a vida da criança. Mateus sofria de trombofilia, doença rara, única no Estado, uma anomalia no sistema de coagulação que chegou a arrancar-lhe parte do pé, a visão e necrosar outras partes do pequeno corpo. Muitos dias sem receber o medicamento necessário para mantê-lo vivo, ele não resistiu e faleceu no sábado (23), no Recife.
“O sentimento de toda nossa família é de revolta. Revolta com o que o Governo do Estado fez conosco. Se meu filho tivesse tomado a medicação da forma que o juiz determinou, ele estaria levando uma vida normal. Mateus agora descansou. O secretário de Saúde também deve ter descansado. O governador Eduardo Campos também deve ter descansado porque eles conseguiram o que queriam”, desabafou Eduardo.
Mateus estava há três meses internado em hospital particular no Recife, para onde a família se mudou. “Estávamos morando dentro do hospital. Não saíamos de lá para nada”, disse o pai do menino. Segundo Eduardo, há uma semana o anticoagulante fornecido pelo Governo de Pernambuco chegou para o garoto. Mas o estado de saúde de Mateus já se agravara.
“Nada vai trazer Mateus de volta. Mas o Estado vai ter que responder a esta família. É inadmissível que casos como este se repitam por falta de um medicamento que poderia ter sido adquirido de forma mais rápida”, informou a defensora pública Nátalli Brandi enquanto acompanhava o velório. Ela garante que, após analisar o atestado de óbito, tomará as medidas legais cabíveis e dará aos pais da criança amparo jurídico.
O NE10 não teve acesso ao laudo de óbito. Segundo o pai do garoto, a ausência por tanto tempo do anticoagulante desencadeou outros problemas de saúde que ocasionaram na morte. A Secretaria de Saúde foi contatada pela reportagem, mas ainda não se posicionou.
CASO – O drama de Mateus veio à tona no dia 28 de outubro, quando a TV Jornal veiculou matéria relatando a interrupção do fornecimento de Cepotrin, anticoagulante que o mantinha vivo. À época, a Secretaria de Saúde do Estado informou que o remédio era comprado fora do Brasil por não ter o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Três dias depois, a Defensoria Pública pediu que a Justiça determinasse a compra do medicamento. Cada ampola custa em média R$ 2,6 mil – Mateus precisava de quatro por dia.
No primeiro dia de novembro, numa medida emergencial sugerida pela Defensoria, o Governo da Bahia fez o empréstimo de 30 ampolas de Cepotrin. O órgão pernambucano informou que já havia depositado 136 mil euros (aproximadamente R$ 400 mil) na conta da Baxter, empresa fabricante do anticoagulante, mas culpou os trâmites do depósito bancário pela demora.
Acrescentou ainda que a falta do remédio ocorreu porque a médica de Mateus alterou a dosagem do anticoagulante sem prévia comunicação com o Governo, informação rebatida pela família e pela médica. Um segundo lote do medicamento com 22 ampolas foi enviado pela Bahia para o garoto. Há cerca de uma semana, enfim, o Cepotrin encomendado pelas autoridades de Pernambuco chegou – mas não havia mais tempo para o pequeno Mateus.
Fonte: Ne10

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