A morte do ambientalista Chico Mendes,
na noite do dia 22 de dezembro de 1988, em Xapuri (AC) tornou famosos os
nomes do fazendeiro Darly Alves da Silva e seu filho Darci Alves. Uma
fama que Darly considera injusta e luta para deixar para trás, 25 anos
depois do crime.
Chico Mendes foi morto com um tiro de
escopeta no peito quando saía para tomar banho nos fundos de sua casa,
em Xapuri. Uma semana antes, o líder seringueiro completara 44 anos.
Após a morte de Chico Mendes, Darly,
Darci e um irmão do fazendeiro, Alvarino Alves da Silva, foram apontados
como os principais suspeitos do homicídio. A participação deste último
nunca foi comprovada, mas pai e filho acabaram sendo condenados. O
primeiro porque teria sido o mandante do crime e o segundo porque teria
atirado no ativista.
Darly e Darci foram condenados em 1990 a
19 anos de detenção. Eles fugiram da prisão em 1993, e foram
recapturados em 1996. Em 1999, Darly saiu do presídio para cumprir o
restante da pena em prisão domiciliar, alegando problemas de saúde.
Darci, no mesmo ano, ganhou o direito de cumprir o restante da pena em
regime semi-aberto.
Para Darly Alves, no entanto, a história
pela qual é conhecido é injusta. “Do que é passado sobre a minha vida,
99% é mentira”, afirma. Se recuperando de um atropelamento que lhe
quebrou uma perna e a bacia, Darly Alves relutou em receber a reportagem
do G1. Aceitou dar entrevista por telefone, mas
ressaltou que gostaria de deixar a história para trás. “É sofrido
relembrar do passado. Acho que é melhor ficar em silêncio”, diz.
O receio em conversar com a imprensa
parece ter também outro motivo. Ele demonstra se sentir desconfortável
com a forma como costuma ser retratado nas reportagens sobre ele.
“As pessoas me chamam de assassino,
mandante. Repórter não sabe de coisa nenhuma, só ouviu falar, e para
saber de algum negócio, você tem que ler o processo ou ser testemunha.
Chamam minha família de perigosa, acusando as pessoas sem saber”,
critica.
‘Ajudei o Brasil a crescer’
Darly Alves lembra que chegou ao Acre no dia 17 de janeiro de 1974 e diz que chegou ao estado para trabalhar. “Ajudei o Brasil a crescer. Vim para o Acre e o ajudei a se desenvolver porque dava serviço para muita gente. Plantei café e só não sou proprietário de uns 100 mil pés porque aqui não tem quem cuide. Como não deu, passei a criar gado”, afirma.
Darly Alves lembra que chegou ao Acre no dia 17 de janeiro de 1974 e diz que chegou ao estado para trabalhar. “Ajudei o Brasil a crescer. Vim para o Acre e o ajudei a se desenvolver porque dava serviço para muita gente. Plantei café e só não sou proprietário de uns 100 mil pés porque aqui não tem quem cuide. Como não deu, passei a criar gado”, afirma.
Ele diz ter sido vítima de injustiça e
calúnia. “Eu trabalhei na agricultura, vivo na agricultura. Minha
família é de gente trabalhadora, não somos pessoas que não podem estar
na sociedade. Quem não pode estar na sociedade são esses que estão
tirando sangue do outro, roubando, vendendo drogas”, diz.
Aos 76 anos, ele reclama que não
consegue se aposentar pelo INSS. “Nem direito de aposentar eu tenho,
porque dizem que não paguei benefícios, mas se trabalhei para a nação,
eu tinha que ter direito, porque é comprovado que trabalho na zona rural
há 27 anos. Nem o pedido fazem, dizem que sou conhecido como
empresário. Eu pagava o benefício, mas parei de pagar e perdi. Parei
porque atrás de uma grade não se dá conta de nada”, lamenta.
‘Quem falasse contra mim ganhava prêmio’
Em 1990, Darly e Darci foram a julgamento pelo homicídio de Chico Mendes. “Quando me entreguei à prisão e começaram a me difamar, eu falei: ‘vou me entregar, porque não devo nada e vou limpar meu nome da mentira’. Mas quando cheguei [ao julgamento], a mentira aumentou. Quem falasse contra mim ganhava prêmio, então podiam mentir à vontade. Quando chegava alguém para me defender, o juiz batia o martelo e mandava me retirar da sala. Só queriam a minha condenação”, aponta.
Em 1990, Darly e Darci foram a julgamento pelo homicídio de Chico Mendes. “Quando me entreguei à prisão e começaram a me difamar, eu falei: ‘vou me entregar, porque não devo nada e vou limpar meu nome da mentira’. Mas quando cheguei [ao julgamento], a mentira aumentou. Quem falasse contra mim ganhava prêmio, então podiam mentir à vontade. Quando chegava alguém para me defender, o juiz batia o martelo e mandava me retirar da sala. Só queriam a minha condenação”, aponta.
Entre aqueles que Darly acusa de terem
mentido em seu julgamento está Genésio Ferreira da Silva, o menino de 13
anos que vivia na casa dele e acabou se tornando a principal testemunha
de acusação contra os Alves. Silva teria ouvido todo o planejamento
feito para o assassinato.
“Era para ele estar na cadeia. Hoje ele é
maior de idade, tem que chamar para ver se ele confirma com as mesmas
palavras o que falou. Ele mentiu ali. Nunca teve reunião na minha casa
para tramar o mal de ninguém. Aí ele falava, o juiz dava corda para ele
falar e mais ele mentia”, afirma.
Darci
Questionado sobre a relação com Darci, o filho preso como executor do crime e que hoje não vive mais no Acre, o fazendeiro o defende e conta que ele deixou o passado para trás.
“O Darci é uma pessoa abençoada de Deus e por toda a vida foi uma pessoa direita, nunca brigou com ninguém. Tem uma família muito boa, as filhas dele estão em Brasília estudando Direito. Ele nem fala nisso aí, não dá entrevista, não fala de crime. Para ele isso acabou. Ninguém diz que ele é o homem que falaram que fez aquilo”, comenta.
Questionado sobre a relação com Darci, o filho preso como executor do crime e que hoje não vive mais no Acre, o fazendeiro o defende e conta que ele deixou o passado para trás.
“O Darci é uma pessoa abençoada de Deus e por toda a vida foi uma pessoa direita, nunca brigou com ninguém. Tem uma família muito boa, as filhas dele estão em Brasília estudando Direito. Ele nem fala nisso aí, não dá entrevista, não fala de crime. Para ele isso acabou. Ninguém diz que ele é o homem que falaram que fez aquilo”, comenta.
Vida atual
Vinte e cinco anos depois, Darly Alves diz que conseguiu sair do “abismo” em que foi colocado. “Hoje sou uma pessoa que não tem nenhum inimigo, durmo em qualquer lugar, não tenho medo de ninguém. Porque não faço mal para ninguém, ninguém vai fazer mal para mim”, afirma.
Vinte e cinco anos depois, Darly Alves diz que conseguiu sair do “abismo” em que foi colocado. “Hoje sou uma pessoa que não tem nenhum inimigo, durmo em qualquer lugar, não tenho medo de ninguém. Porque não faço mal para ninguém, ninguém vai fazer mal para mim”, afirma.
Indagado se não pensou em recomeçar a
vida em outro lugar depois de ficar marcado no estado, ele diz: “o Deus
que me guarda lá em Brasília ou no Pará é o mesmo. Hoje estou em Xapuri e
é o lugar que tenho mais amizades. Todo mundo admira minha família,
sabe que somos trabalhadores, sabe que não somos as coisas que falaram.”
Ele ainda diz que não deseja mal para a
família de Chico Mendes. “Desejo bem para toda essa família que não
gosto de lembrar o nome, não quero o mal para eles. Precisa nem citar o
nome se falar que não quero o mal para eles, já se sabe quem que é”,
conclui.
Fonte: G1
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