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O pescador artesanal Odair dos Santos conta que não trabalhou de setembro a dezembro do ano passado

– É época de procriação. Então, se pegar na época de procriação, coitados dos bichinhos. Então, tem que respeitar o período de procriar – afirma Santos.
Mas apesar de respeitar o defeso, ele não recebeu o seguro de um salário mínimo por mês e ainda descobriu que teve o registro suspenso. Santos é um entre os mais de 200 pescadores artesanais do litoral paulista que estão sem o registro após fazerem as novas carteiras de pescador do Ministério da Pesca.
– Ele fica sem poder trabalhar e sem poder receber os direitos. Se ficar doente também não pode porque está aguardando a documentação. E o que o Ministério nos responde? Que é um problema
no sistema, falta de pessoal – declara a presidente da Associação Litorânea da Pesca Extrativista Classista do Estado de São Paulo (Alpesc/SP), Isaura Martins dos Santos.

A captura do camarão é umas das principais atividades dos pescadores artesanais da região do Guarujá (SP).
Nas regiões Sul e Sudeste do Estado, o defeso do camarão acontece nos meses de março, abril e maio. O que os pescadores artesanais temem é que até lá continue o problema com documentação e toda esta burocracia. E que eles fiquem sem receber o seguro defeso porque precisam ficar parados, sem trabalhar durante o período.
– Nós vamos dar entrada com a nossa carteirinha vencida. Se nós vamos receber a gente não sabe – afirma o pescador artesanal, Gerson Mota Pontes.
Ele fez o pedido de renovação há mais de um ano junto ao Ministério da Pesca, mas ainda não recebeu a nova carteira
de pescador. O mesmo aconteceu com o pescador artesanal Ildo Sebastião da Silva que foi multado em mais de R$ 20 mil porque não tinha o documento.

– A minha (carteira
) fez aniversário agora. Um ano e “bolinha”. Quer dizer que fizemos a inscrição e até agora não veio. E isso atrapalha e muito porque o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) quando sai pra fiscalizar, no caso a Florestal, eles não querem nem saber. E eles pegam mesmo. Eu fui uma vítima ano passado, quando fui pego. E levei multa. Inocentemente, mas tive que pagar o pato. O governo faz o erro e eu tive que pagar o pato – desabafa Silva.

– Os pescadores que já são ativos estão fazendo todas as trocas em seus aniversários. Esses também ainda não receberam as carteiras novas. Foi anunciado que a carteira
é nova e tudo, mas a burocracia continua. Ninguém que fez aniversário em fevereiro, março, abril do ano passado recebeu sua carteirinha – relata Isaura.

Os pescadores artesanais saem para pescar sozinhos, ou com um ajudante. Os barcos são de pequeno porte. As embarcações têm em média dez metros de comprimento
. Eles dependem das condições climáticas e do mar, portanto nem todo dia é dia de pesca. Para esses trabalhadores, lidar com as dificuldades da natureza faz parte da atividade. Já as dificuldades criadas pelo homem causam indignação.

– Eu gostaria que fosse como antigamente, que era gerenciado pelo Ibama. Pelo menos era mais respeitado. Nossa carteirinha era carimbada e no mesmo dia a gente vinha com a carteira
pra casa. Passam anos e anos, muda e só muda pra pior, nada pra melhor – declara Pontes.

O Ministério da Pesca informou que tem conhecimento das denúncias e que vem tomando providências para resolver os problemas. O Superintendente Federal
no Estado de São Paulo foi substituído e tem como missão a redução da burocracia e a aceleração dos processos. Segundo o Ministério, quanto às carteiras de pescadores, só estão sendo suspensas para averiguação aquelas cujos proprietários não compareceram para o recadastramento. O objetivo é evitar fraudes e prejuízos aos verdadeiros pescadores.

Fonte: CANAL RURAL
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